sábado, 17 de setembro de 2011

Projeto de Extensão “Diversidade étnico-cultural"

Sábado, 06/08/2011
Projeto de Extensão “Diversidade étnico-cultural: realidade e desafios no município de São Bernardo/MA, proposto pelas Professoras de História e Sociologia”
Bibliografia discutida:
SEMPRINI, Andrea. Etnia, individualismo, espaço público. In: Multiculturalismo. Ed. EDUSC, 1999.
____________________________.Espaço Publico e Espaço Multicultural. Ed. EDUSC, 1999.

A questão tratada pelo Semprini(1999) no capítulo “Etnia, individualismo e espaço público” é a relação entre individualismo e multiculturalismo. Como esta relação colaborou para a transformação do espaço social.
Nas sociedades contemporâneas, ocidentais e capitalistas o Individualismo é pré-condição de uma sociedade democrática e justa. No entanto, com a crise do paradigma politico e de sua incapacidade de sugerir um modelo adequado para o arranjo do espaço social. Este torna-se espaço sociocultural.(p.116). Ocorre, então, uma inversão: afiliação e o sentimento de pertença, que antes eram percebidos como algo ultrapassado que impedia o desenvolvimento pleno do individuo, passam a ser condições possibilitadoras de realização deste (p.103).
Dessa forma, outra questão se coloca neste novo espaço sociocultural: como tais dimensões-individualismo e da subjetividade- podem resultar numa direção moralmente satisfatória e socialmente justa? As experiências da diferença podem ser difíceis e desestruturadoras em suas manifestações históricas e sociológicas concretas. Quando acontece a interação, um indivíduo pode sentir que sua auto-imagem retransmitida pelo outro é uma imagem desvalorizante, discriminatória ou te agressiva.(p.104-105) Já que todo individuo faz, de um modo mais ou menos explicito, um “julgamento” sobre a identidade do outro e é objeto, por sua vez, de um julgamento análogo.(104).
Mudança estruturais ocorrem nesse novo espaço: oposição alto e baixo no espaço sociocultural é substituída por centro-periferia. Centro posição dominante, poder de ditar as regras de funcionamento do sistema. Periferia: encontram-se os grupos que estão na margem. Em vez de ascensão fala-se em deslocamento para zonas menos periféricas, de aproximação do centro. O acesso a este espaço dá-se por meio da inclusão, através da lógica de integração ao assumir progressivamente os valores e comportamentos característicos do centro do sistema. No capitulo seguinte discutimos os 4 principais modelos de multiculturalismo: Modelo Politico Liberal Clássico, Modelo Liberal Multicultural, Modelo multicultural maximalista, Modelo do multiculturalismo combinado. Semprini considera o modelo Liberal Multicultural, proposto pelo autor Kymlicka tendo a melhor concepção de um espaço multicultural onde os diferentes grupos poderiam ver atendidas suas reivindicações de reconhecimento e identidade, preservando ao mesmo tempo a possibilidade de existência de uma dimensão coletiva- ultrapassando os horizontes da etnia e de instituições igualitárias e democráticas.(144).
Ao final da tarde assistimos a um documentário do Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, sobre “A Invenção do Brasil”. O vídeo como mais um recurso para pensarmos o processo de construção e de invenção da sociedade brasileira. Esta por si é uma sociedade multicultural desde a formação.

A Sociologia da Educação


  • O debate neste sábado, 03/08/2011, ocorreu sobre a Nova Sociologia da Educação cujo centro da análise é o currículo escolar e o processo de produção do conhecimento escolar. Os questionamentos propostos pelo autor Tomaz Tadeu da Silva são sobre a estratificação do conhecimento escolar e a necessidade de desnaturalização do currículo. Segundo o autor não temos uma tradição no Brasil de estudos sobre o currículo ocorrendo uma centralidade do conhecimento escolar nos estudos sociológicos. (SILVA, 1990). Em outro artigo sobre a produção social da identidade e da diferença, Silva propõe um debate sobre uma pedagogia e um currículo centrados não na diversidade mas na diferença concebida como processo e não de forma essencialista. Utiliza-se para isso de autores do pós-estruturalismo como Jacques Derrida que problematizam a própria língua. Partindo do pressuposto que esta não é isenta de relações de poder. De acordo com Silva(2000, p.97) “Como tudo isso se traduziria em termos de currículo e pedagogia? O outro cultural é sempre um problema, pois coloca permanentemente em xeque nossa própria identidade. A questão da identidade, da diferença e do outro é um problema social ao mesmo tempo que é um problema pedagógico e curricular. É um problema social porque, em um mundo heterogêneo, o encontro com o outro, com o estranho, com o diferente, é inevitável”. Ana Caroline Amorim Oliveira

A Sociologia da Educação entre o funcionalismo e o pós-modernismo: os temas e os problemas de uma tradição-Tomaz Tadeu da Silva

  • A produção social da identidade e da diferença- Tomaz Tadeu da Silva
  • Questionamento do autor: Como se configuraria uma pedagogia e um currículo que estivessem centrados não na diversidade, mas na diferença, concebida como processo, uma pedagogia e um currículo que não se limitassem a celebrar a identidade e a diferença, mas que buscassem problematizá-las? É para questões como essas que se volta o presente ensaio.

  • Pedagogia como diferença

  • O problema central, aqui, é que esta abordagem simplesmente deixa de questionar as relações de poder e os processos de diferenciação que, antes que tudo, produzem a identidade e a diferença. Em geral, o resultado é a produção de novas dicotomias, como a do dominante tolerante e do dominado tolerado ou a da identidade hegemônica mas benevolente e da identidade subalterna mas "respeitada".
  • Nessa abordagem, a pedagogia e o currículo tratariam a identidade e a diferença como questões de política. Em seu centro, estaria uma discussão da identidade e da diferença como produção. A pergunta crucial a guiar o planejamento de um currículo e de uma pedagogia da diferença seria: como a identidade e a diferença são produzidas? Quais são os mecanismos e as instituições que estão ativamente envolvidos na criação da identidade e de sua fixação?
  • Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença.
  • Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade, mas questioná-las. A multiplicidade estende e multiplica, prolifera, dissemina. A diversidade é um dado - da natureza ou da cultura. A multiplicidade é um movimento. A diversidade reafirma o idêntico. A multiplicidade estimula a diferença que se recusa a se fundir com o idêntico.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Indicação de blog para leitura virtual diária

O projeto de extensão recomenda para leitua diária:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Segue um texto retidado deste blog.


12/07/2011
às 19:11

Onde estão os indignados do Brasil? Por que os brasileiros não reagem?

No dia 7 de julho, Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País, um dos melhores profissionais estrangeiros que atuam por aqui nessa área, dos mais agudos, escreveu um artigo em que pergunta: “Por qué Brasil no tiene indignados?”
Arias não dá respostas e faz, de forma direta e indireta, essa e outras boas perguntas, que me disporei a responder mais tarde, naquele texto da madrugada:
- será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos?
- será que não se importam com os ladrões e sabotadores que estão nas três esferas de governo?
- será mesmo esse povo naturalmente pacífico, contentando-se com o pouco que tem?;
- por que estudantes e trabalhadores não vão às ruas contra a corrupção?
- que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?
- será que não cabe aos jovens exigirem um país menos corrupto?
Publico o artigo de Arias na íntegra, em espanhol, perfeitamente compreensível. Oferecerei mais tarde ao autor e a muitos outros que se fazem as mesmas perguntas uma tentativa de resposta.
*
El hecho de que en solo seis meses de gobierno la presidenta Dilma Rousseff haya visto dimitir a dos de sus principales ministros, heredados del gobierno de su antecesor, Lula da Silva (el de la Casa Civil o Presidencia, Antonio Palocci, una especie de primer ministro, y el de Transportes, Alfredo Nascimento) caídos bajo los escombros de la corrupción política, ha hecho preguntarse a los sociólogos por qué en este país, donde la impunidad a los políticos corruptos ha llegado a hacer extensiva la idea de que “todos son unos ladrones” y que “nadie va a la cárcel”, no exista el fenómeno, hoy en voga en todo el mundo, del movimiento de los indignados.
¿Es que los brasileños no saben reaccionar frente a la hipocresía y falta de ética de muchos de los que les gobiernan? ¿Es que no les importa que los políticos que les representan, en el Gobierno, en el Congreso, en los estados o en los municipios, sean descarados saboteadores del dinero público? Se preguntan no pocos analistas y blogueros políticos.
Ni siquiera los jóvenes, trabajadores o estudiantes han presentado hasta ahora la más mínima reacción ante la corrupción de los que les gobiernan. Curiosamente, la más irritada ante el atraco a las arcas públicas por parte de los políticos, parece ser la primera presidenta mujer, la exguerrillera Dilma Rousseff, que ha demostrado públicamente su disgusto por el “descontrol” en curso en áreas de su gobierno. La mandataria ya ha echado de su gobierno -y se dice que no ha acabado aún la purga- a dos ministros claves, con el agravante de que eran heredados de su sucesor, el popular Lula da Silva, que le había pedido que los mantuviera en su gobierno.
Hoy la prensa alude a que Dilma ha empezado a deshacerse de una cierta “herencia maldita” de hábitos de corrupción del pasado. ¿Y la gente de la calle por qué no le hace eco, resucitando aquí tambiénel movimiento de los indignados? ¿Por qué no se movilizan las redes sociales? Brasil, después de la dictadura militar, se echó a la calle con motivo de la marcha “Directas ya”, para pedir la vuelta a las urnas, símbolo de la democracia. También lo hizo para obligar al expresidente Collor a dejar su cargo ante las acusaciones de corrupción que pesaban sobre él. Pero hoy el paísestá mudo ante la corrupción en curso. Las únicas causas capaces de sacar a la calle hasta dos millones de personas ahora son los homosexuales, los seguidores de las iglesias evangélicas en la fiesta de Jesús y los que piden la liberalización de la marihuana.
¿Será que los jóvenes no tienen motivos para exigir un Brasil no solo cada día más rico (o por lo menos menos pobre), más desarrollado, con mayor fuerza internacional, sino también menos corrupto en sus esferas políticas, más justo, menos desigual, donde un concejal no gane hasta diez veces más que un maestro y un diputado cien veces más, o donde un ciudadano común, después de 30 años de trabajo, se jubile con 650 reales (400 euros), mientras un funcionario público con hasta 30.000 reales (13.000 euros).
Brasil será pronto la sexta mayor potencia económica del mundo, pero de momento sigue a la cola en materia de desigualdad social y defensa de los derechos humanos. Todavía se trata de un país donde no se permite a la mujer de abortar, el paro de las personas de color alcanza un 20% -contra el 6% de los blancos- y la policía es una de las más violentas del mundo.
Hay quién achaca la apatía de los jóvenes al hecho de que una propaganda exitosa les ha convencido de que Brasil es hoy envidiado por medio mundo (y lo es en otros aspectos). O que la salida de la pobreza de 30 millones de personas les ha hecho creer que todo va bien, sin entender que un ciudadano de clase media europea equivale aún hoy a un rico de aquí.
Otros achacan el hecho a que los brasileños son gente pacífica, poco dada a las protestas, a quienes les gusta vivir felices con lo que tienen y que trabajan para vivir, en vez de vivir para trabajar. Todo esto es también cierto, pero no explica aún por qué, en un mundo globalizado, donde se conoce al instante todo lo que ocurre en el planeta, empezando por los movimientos de protesta de millones de jóvenes que piden democracia o le acusan de estar degenerada, los brasileños no luchen para que el país, además de ser más rico, también sea más justo, menos corrupto, más igualitario y menos violento a todos los niveles. Así es el Brasil que los honestos sueñan dejar para sus hijos, un país donde la gente todavía no ha perdido el gusto de disfrutar de lo poco o mucho que tiene y que sería aún mejor si surgiera un movimiento de indignados, capaz de limpiarlo de las escorias de corrupción que golpean a todas las esferas del poder.
Por Reinaldo Azevedo

TERCEIRO ENCONTRO DA EXTENSÃO


O projeto de extensão segue com sua etapa teórica e no dia 02 de julho, como previsto no cronograma, foi debatido mais um texto. O tema escolhido para esse encontro foi 'multiculturalismos', discutido a partir do texto "A questão multicultural", de Stuart Hall. Inicialmente foi feita uma revisão sobre os dois conceitos que sustentaram os debates até então: cultura e identidade; em seguida, a problemática do conceito multicultural e multiculturalismo foi destacada, além das condições de emergência das chamadas sociedades multiculturais - e os efeitos desse aparecimento que se materializam em dificuldades de governabilidade devido à diversidade de culturas dentro da sociedade. Nesse encontro, que já é o terceiro da etapa teórica foi realizada a primeira avaliação pelo público e uma palestra com um professor convidado foi realizada, cujo tema ia de encontro com os objetivos do projeto.


domingo, 12 de junho de 2011

Realização do segundo encontro do projeto de extensão - 11/06/11

Foi realizado o segundo encontro do projeto de extensão universitária "Diversidade étnico-cultural: realidade e desafios no município de São Bernardo". O tema deste encontro foi "Cultura e identidade", debatido a partir da leitura de Denys Cuche, no livro "A noção de cultura nas ciências sociais". (Trad. Viviane Ribeiro. 2ª ed. Bauru: EDUSC, 2002)
A importância deste texto é permitir a reflexão sobre a questão da cultura e da identidade, atentando para a sociedade multicultural, que nasce numa concepção de diferença, somente concebida a partir dos anos setenta. A recente moda das identidades, segundo Cuche, "é o prolongamento do fenômeno de exaltação da diferença que surgiu nos anos setenta e que levou a tendências ideológicas muito diversas e até opostas a fazer apologia da sociedade multicultural por um lado, ou por outro, a exaltação da ideia de 'cada um por si para manter sua identidade'” (CUCHE, 2002, p. 175 e 176). "Há um desejo de ver cultura em tudo e de encontrar identidades para todos", afirma o autor ao refletir que as grandes interrogações sobre a identidade atualmente, remetem frequentemente à questão da cultura. "Vêem-se crises culturais como crises de identidades. Chega-se a situar o desenvolvimento dessa problemática no contexto do enfraquecimento do modelo de Estado-Nação, da extensão da integração política supranacional e de certa forma da globalização da economia" (ibid). Apesar de não tratar do Brasil especificamente, o livro permite pensar o nosso país no debate das identidades culturais atualmente.


Diante disso, trata-se uma abordagem importante, pois acredita-se que, para a transformação do cenário educacional e cumprimento da legislação em relação à inclusão dos temas "afro-indígenas" nos currículos escolares, é necessário que os professores conheçam o debate a partir do qual o reconhecimento da cultura africana, afrodescendente e indígena tem sido feito, acionando o conceito de identidade e de cultura. Somado a isso, acredita-se que o primeiro passo para a reciclagem, a capacitação, a renovação do profissional de História é a definição por ele de sua concepção de história. Daí começarmos o debate situando os estudos acerca da cultura na disciplina histórica que, influenciada pela Antropologia, desautorizou o uso restrito do seu conceito clássico (cultura = erudição, refinamento, civilização, etc.), ampliando a noção de cultura para “modos de vida” - o que se aplicaria a todas as práticas, materiais e simbólicas, do grupo ou da sociedade em questão.


Nessa medida, foi pontuado a chegada dos estudos sobre a cultura no final do século XX pela influência da Escola dos Annales (que valorizando a interdisciplinaridade, aproximou-se da antropologia) e também por alguns autores marxistas, como E. P. Thompson. Resgatando o debate feito pela professora de antropologia no encontro do dia 28/05, pontuou-se que, nesta nova concepção, parte-se da ideia de que todos os povos ou grupos étnicos têm cultura e, desdobrando-se disso, de que nenhuma cultura é superior à outra. Daí o atual deslocamento da questão para o terreno da diversidade cultural e da igualdade de direitos para as diferentes culturas. Assim, refletiu-se sobre o sucesso do termo cultura entre os historiadores, em medidas próximas ao que Ronaldo Vainfas disse em sua conferência de abertura História cultural e historiografia brasileira no evento História: Questões & Debates 25 anos, publicada na revista Questões & Debates, Curitiba, n. 50, p. 217-235, jan./jun. 2009. Editora UFPR, 

“(...) diria em primeiro lugar, que os modismos fazem parte das culturas, inclusive da historiografia de diversas épocas. Foi moda pesquisar o movimento operário, entre nós, nos anos 1970, assim como virou moda pesquisar sexualidades ou religiosidades nos anos 1980. Não é caso de celebrar ou condenar esta ou aquela moda historiográfica, senão de contextualizá-la, de tentar explicar suas condições de produção no meio acadêmico, bem como sua maior ou menor capacidade de irradiação ou recepção E, sobretudo, buscar extrair dos resultados concretos de cada pesquisa aquilo que nos ajuda a compreender melhor as várias faces de nossa história, sem preconceitos. Pois é certo que quando o debate historiográfico cai prisioneiro da ideologia, quem sai perdendo é a história(...).” (VAINFAS, p. 234)


Pelas palavras de Vainfas deve-se, então, sopesar o possível modismo do termo cultura (e identidade) na nossa cultura historiográfica atual e em nossa sociedade, não para celebrar ou condenar, como o autor alerta, mas para contextualizar e compreender suas condições de produção no meio acadêmico e as vias pelas quais isso reflete na sociedade (e, no caso da temática do nosso projeto, pontualmente nas escolas) - tarefa que nenhum historiador pode se furtar.


Além da problemática da cultura no terreno da história, cujo debate seguiu a evolução do conceito moderno de cultura, desde o Iluminismo até sua apropriação pela História Cultural atual, foi pontuado o conceito de identidade a partir de Frederik Barth, que situado na esfera da relação, coloca-o para além da abordagem objetivista e subjetivista.  O objetivo final, além de apresentar os dois conceitos para entendimento da realidade atual de reivindicação da diferença e reconhecimento da diversidade pelas identidades e marcar a necessidade de reescrita da história atendendo à legislação, foi fazer o esforço de, mais uma vez, compreender as questões e o contexto que neste presente histórico estão reclamando essa reescrita, colocando-os acima de tudo como um discurso. A epígrafe utilizada na introdução do livro de Denys Cuche é bem representativa disso:

“O problema da cultura, ou ainda, das culturas, passa por uma atualização, tanto no plano intelectual, devido à vitalidade do culturalismo americano, quanto no plano político. Na França, ao menos, nunca se falou tanto em cultura quanto hoje (com relação à mídia, à juventude, aos imigrantes) e esta utilização da palavra, por mais sem controle que seja, constitui por si mesma um dado etnológico”  Marc AUGÉ (1988)

Sendo assim, o debate foi promovido e provocado a partir de interrogações e questões como: Quais as implicações de afirmarmos que “tudo é cultural”? Quais as implicações de não o afirmarmos? O que é a identidade cultural? Quais os perigos da pulverização das identidades? Há perigo? Qual a legitimidade das reivindicações dessas identidades? O que causou a mudança das relações interéticas do Brasil? Temos uma identidade nacional brasileira, ainda podemos nos compreender pela ideia do mestiço? Há um tom niilista neste debate culturalista?



Resumindo os objetivos:

•    Marcar que o debate sobre a cultura é situado historicamente, bem como sua atual aceitação, a despeito do seu esforço de fixação
     Identificar o debate de cultura e identidade ao contexto americano e refletir sobre as condições de sua exportação para outros lugares
•     Pontuar o Brasil nessa discussão (na contramão? de um processo também histórico seu de discutir sua identidade nacional a partir da mestiçagem)


Etapas do raciocínio do encontro para alcançar os objetivos do debate:

1. Evolução histórica ligada à gênese social da ideia moderna de cultura (França)

2. Cultura e identidade

3. Sucesso do termo cultura na contemporaneidade

4. O Brasil na corrente do multiculturalismo: Brasil mestiço?

No próximo encontro, o texto "A questão multicultural", de Stuart Hall, continuará o debate.

sábado, 28 de maio de 2011

REALIZAÇÃO DO PRIMEIRO ENCONTRO DO PROJETO 28/05/11

Foi realizado o primeiro encontro do projeto de extensão, dando início à etapa teórica. Após apresentação da equipe executora, debates sobre estrutura organizacional da universidade e sobre o conceito (e o redimensionamento dele) de extensão universitária aconteceram. Em seguida o projeto foi apresentado, pontuando seus objetivos, os resultados esperados, a justificativa teórica e prática, a metodologia a ser desenvolvida e a própria importância do projeto. Neste primeiro encontro, a equipe executora detalhou o perfil do projeto, marcando o debate a partir do terreno do conhecimento histórico e das ciências sociais. As respectivas falas seguiram uma linha de apresentação bem definida: refletiu-se sobre como essas disciplinas contribuíram para a ausência da temática da diversidade étnico-cultural nos currículos escolares e qual é o potencial que cada uma delas tem para superar esta situação. Ao final, trechos do documentário apresentado de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, serviu de suporte para os debates e para a reflexão sobre a transformação da prática docente, mediante a necessidade dessa temática ser inserida de forma adequada nas escolas. 

CRONOGRAMA DE ENCONTROS (ETAPA TEÓRICA) DO PROJETO DE EXTENSÃO


ETAPA TEÓRICA (6 MESES DURAÇÃO)

  • MÊS MAIO – DIA 28 / - O QUE É A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA, APRESENTAÇÃO DO PROJETO E DEFINIÇÃO DA ABORDAGEM A PARTIR DA HISTÓRIA E DAS CIÊNCIAS SOCIAIS;
  • MÊS JUNHO – DIA 11 / TEXTO – CULTURA E IDENTIDADE  (Denys Cuche);
  • MÊS JULHO – DIA 02 – A QUESTÃO MULTICULTURAL (Stuart Hall);
  • MÊS AGOSTO – DIA 06 / TEXTO – ETNIA, INDIVIDUALISMO, ESPAÇO PÚBLICO (Andrea Semprini);
  • MÊS SETEMBRO– DIA 03 / TEXTO – ESPAÇO PÚBLICO E ESPAÇO MULTICULTURAL (Andrea Semprini);
  • MÊS OUTUBRO– DIA 01 / TEXTO – DIFERENÇA E IDENTIDADE: CURRÍCULO MULTICULTURALISTA (Tomaz Tadeu da Silva).

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Plano Nacional de Extensão Universitária

Edição Atualizada 
Brasil 2000 / 2001
Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu / MEC


Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as actividades, hoje ditas de extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem a ser parte integrante das actividades de investigação e de ensino. SANTOS, Boaventura de Souza.


UNIVERSIDADE E SOCIEDADE

Este Plano Nacional de Extensão Universitária, elaborado pelo Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e do Desporto, reflete o compromisso da universidade com a transformação da sociedade brasileira em direção à
justiça, à solidariedade e à democracia. A adesão de outras instituições de ensino superior significa adesão a esses princípios, objetivos e diretrizes.
O Plano não pretende subtrair das universidades a capacidade de decidir sobre seus programas de extensão universitária. Tendo sido elaborado em debate aberto, representa o pensamento de grande parte das comunidades universitárias brasileiras, reconhece a autonomia da universidade e apresenta propostas orientadas por valores civilizatórios.

PONTO DE PARTIDA

A extensão universitária é a atividade acadêmica capaz de imprimir um novo rumo à universidade brasileira e de contribuir significativamente para a mudança da sociedade. Nos dez anos de existência do Fórum - com uma nova Constituição, uma nova LDB e com o Plano Nacional de Educação -, seus conceitos amadureceram, seus instrumentos foram aperfeiçoados e suas principais dificuldades foram afastadas. Assim é que, no Fórum de Pró-Reitores, elaborou-se o Programa Universidade Cidadã, em que foram definidos oito eixos temáticos considerados áreas importantes de atuação para o momento em que vivemos e nos quais as universidades já trabalhavam, atendendo às demandas da sociedade. O Programa Universidade Cidadã foi o ponto de partida para a produção deste Plano Nacional.

POLÍTICAS PÚBLICAS

As universidades públicas brasileiras são instituições criadas para atender às necessidades do país. Estão distribuídas em todo o território nacional e em toda a sua existência sempre estiveram associadas ao desenvolvimento econômico, social, cultural e político da nação, constituindo-se em espaços privilegiados para a produção e acumulação do conhecimento e a formação de profissionais cidadãos. Por isso, o Fórum de Pró-Reitores de Extensão propõe a participação dessas universidades nas discussões, elaboração e execução de políticas públicas que tenham a cidadania e o cidadão como suas principais referências.

BREVE HISTÓRIA

GÊNESE E CAMINHOS

A universidade brasileira surgiu tardiamente, na primeira metade do século XX, pela união de escolas superiores isoladas criadas por necessidades práticas do governo, por carências sentidas pela sociedade ou como resultado de avaliação sobre um potencial existente em uma ou outra área. Foi também nesse período que as conferências tidas como "lições públicas" começaram a ser oferecidas pela Universidade de São Paulo, caracterizando a tomada de consciência da instituição para essa necessidade de difundir o conhecimento ali acumulado. De qualquer modo, esses fatos colocam as universidades brasileiras, desde o início de sua história, muito próximas das comunidades que lhes deram origem.

MOVIMENTOS SOCIAIS

No fim dos anos 50, início dos anos 60, os estudantes universitários brasileiros, organizados na União Nacional dos Estudantes - UNE, empreenderam movimentos culturais e políticos reconhecidos como fundamentais para a formação das lideranças intelectuais de que carecia o país. Estavam assim definidas as áreas de atuação extensionista, antes mesmo que o conceito fosse formalmente definido. O fortalecimento da sociedade civil, principalmente nos setores comprometidos com as classes populares, em oposição ao enfraquecimento da sociedade política ocorrido na década de 80, em especial nos seus últimos anos, possibilita pensar a elaboração de uma nova concepção de universidade, baseada na redefinição das práticas de ensino, pesquisa e extensão até então vigentes.

NOVA CONCEPÇÃO

Do assistencialismo passou-se ao questionamento das ações desenvolvidas pela extensão; de função inerente à universidade, a extensão começou a ser percebida como um processo que articula o ensino e a pesquisa, organizando e assessorando os movimentos sociais que estavam surgindo. A institucionalização passava a ser perseguida, só que em sua dimensão processual, envolvendo toda a universidade - e não mais através de programas concebidos fora do espaço acadêmico. Pelo ensino se encontrariam formas de atender à maioria da população, através de um processo de educação superior crítica, com o uso de meios de educação de massa que preparassem para a cidadania, com competência técnica e política. A pesquisa, tanto a básica quanto a aplicada, deveria ser sistematicamente direcionada ao estudo dos grandes problemas, podendo fazer uso de metodologias que propiciassem a participação das populações na condição de sujeitos, e não na de meros espectadores.

EXTENSÃO E CONHECIMENTO

Esse tipo de extensão - que vai além de sua compreensão tradicional de disseminação de conhecimentos
(cursos, conferências, seminários), prestação de serviços (assistências, assessorias e consultorias) e difusão cultural (realização de eventos ou produtos artísticos e culturais) - já apontava para uma concepção de universidade em que a relação com a população passava a ser encarada como a oxigenação necessária à vida acadêmica. Dentro desses balizamentos, a produção do conhecimento, via extensão, se faria na troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, tendo como conseqüência a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do confronto com a realidade.

O QUE É A EXTENSÃO

CONCEITUAÇÃO

O reconhecimento legal dessa atividade acadêmica, sua inclusão na Constituição e a organização do Fórum de Pró-Reitores de Extensão, no fim da década de 80, deram à comunidade acadêmica as condições e o lugar para uma conceituação precisa da extensão universitária, assim expressa no I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão:
A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade.
A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento.
Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social.

INSTITUCIONALIZAÇÃO

A conceituação assumida pelos Pró-Reitores expressa uma postura da universidade diante da sociedade em que se insere. Sua função básica de produtora e de socializadora do conhecimento, visando à intervenção na realidade, possibilita acordos e ação coletiva entre universidade e população.
Por outro lado, retira da extensão o caráter de "terceira função" para dimensioná-la como filosofia, ação vinculada, política, estratégia democratizante, metodologia, sinalizando para uma universidade voltada para os problemas sociais com o objetivo de encontrar soluções através das pesquisas básica e aplicada, visando realimentar o processo ensino-aprendizagem como um todo e intervindo na realidade concreta. Ao se afirmar que a extensão é parte indispensável do pensar e fazer universitários, assume-se uma luta pela institucionalização dessas atividades, tanto do ponto de vista administrativo como acadêmico, o que implica a adoção de medidas e procedimentos que redirecionam a própria política das universidades. Ao reafirmar o compromisso social da universidade como forma de inserção nas ações de promoção e garantia dos valores democráticos, de igualdade e desenvolvimento social, a extensão se coloca como prática acadêmica que objetiva interligar a universidade, em suas atividades de ensino e pesquisa, com as demandas da sociedade.

PESQUISA E ENSINO

Com relação à pesquisa, reconhece-se um leque bastante diversificado de possibilidades de articulação do trabalho realizado na universidade com setores da sociedade. Assume interesse especial a possibilidade de produção de conhecimento na interface universidade/comunidade, priorizando as metodologias participativas e favorecendo o diálogo entre categorias utilizadas por pesquisados e pesquisadores, visando à criação e recriação de conhecimentos possibilitadores de transformações sociais, em que a questão central será identificar o que deve ser pesquisado e para quais fins e interesses se buscam novos conhecimentos. Quanto ao ensino, discute-se e aprofunda-se um novo conceito de sala de aula, que não se limite ao espaço físico da dimensão tradicional, mas compreenda todos os espaços, dentro e fora da universidade, em que se realiza o processo histórico-social com suas múltiplas determinações, passando a expressar um conteúdo multi, inter e transdisciplinar, como exigência decorrente da própria prática. O estágio curricular é alçado como um dos instrumentos que viabilizam a extensão enquanto momento da prática profissional, da consciência social e do compromisso político, devendo ser obrigatório para todos os cursos, desde o primeiro semestre, se possível, e estar integrado a projetos decorrentes dos departamentos e à temática curricular, sendo computado para a integralização do currículo de docentes e discentes.

AÇÃO GLOBAL

Fica claro que a extensão só se concretizará, enquanto prática acadêmica, quando for discutida a sua proposta de ação global e sua inserção institucional nos departamentos, definindo as suas linhas de ensino e pesquisa em função das exigências da realidade.
É importante ressaltar que a intervenção na realidade não visa levar a universidade a substituir funções de responsabilidade do Estado, mas sim produzir saberes, tanto científicos e tecnológicos quanto artísticos e filosóficos, tornando-os acessíveis à população, ou seja, a compreensão da natureza pública da universidade se confirma na proporção em que diferentes setores da população brasileira usufruam dos resultados produzidos pela atividade acadêmica, o que não significa ter que, necessariamente, frequentar seus cursos regulares.

2011 Ano Internacional dos Afrodescendentes




No dia 10 de dezembro de 2011, em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, realizou o lançamento oficial do Ano Internacional dos Afrodescendentes – 2011. Ban Ki-moon pediu em seu discurso por maior empenho em ações a fim de garantir aos afrodescendentes seus direitos.  “Vamos todos intensificar os nossos esforços para assegurar que os povos afrodescendentes possam gozar de todos os seus direitos”, afirmou.

Partiu da Assembleia-Geral da ONU a iniciativa de homenagear os povos de origem africana.

Durante o lançamento Ban relembrou as metas da Conferência de Durban, em 2001, que foram reafirmadas na Conferência de Revisão de Durban, em abril de 2009. Tais metas se referem a integração e promoção da equidade racial estabelecidas pelos países-membros da ONU.

“A comunidade internacional não pode aceitar que comunidades inteiras sejam marginalizadas por causa da sua cor de pele”, afirmou o secretário-geral da ONU.



Disponível em:http://www.news.afrobras.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=699:ano-internacional-dos-afrodescendentes-2011&catid=34:noticias&Itemid=55


Acessado em : 13/05/2011

INFORMAÇÕES PARA INSCRIÇÃO NO PROJETO



UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CAMPUS SÃO BERNARDO
CURSO DE CIÊNCIAS HUMANAS
PROJETO DE EXTENSÃO


“DIVERSIDADE ÉTNICO-CULTURAL E EDUCAÇÃO:
REALIDADE E DESAFIOS NO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO/MA”



INSCRIÇÕES: 09 A 20 DE MAIO DE 2011

CONTATOS:


TELEFONES: 34771513 / 1410 / 1526 (falar com Keliane ou Ivan)


EMAIL: extensao.diversidade@ufma.br


COORDENADORA: ALINA MIRANDA

VICE-COORDENADORA: ANA CAROLINE OLIVEIRA

O que é extensão universitária?

A extensão universitária é a possibilidade que o estudante tem de colaborar com a nação, socializando o conhecimento, estreitando as barreiras existentes entre a comunidade e a universidade. Trata-se do relacionamento entre a teoria e a prática, ou seja, faz com que o conhecimento ultrapasse as salas de aula, indo além, permitindo o aprendizado também pela aplicação, fazendo e praticando (SILVA, 1996).
A extensão universitária revela-se como uma obrigatoriedade constitucional disposta no artigo 207, da Constituição brasileira. Declara que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e da gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Por meio da Extensão a Universidade vai até a comunidade, ou a recebe em seu “campus”, disseminando o conhecimento de que é detentora. Verifica-se que “é uma forma de a universidade socializar e democratizar o conhecimento, levando-o aos não universitários (SILVA, 1996)”.
Neste contexto, entende-se a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Pela pesquisa, são produzidos novos conhecimentos que vão ser passados em sala de aula através do ensino. Paralelamente, a extensão divulga o conteúdo aprendido à comunidade, prestando-lhe os serviços e a assistência e por fim, utiliza esse contato com a sociedade para coletar dados e informações para, assim, realizar estudos e pesquisas. Assim, a universidade ao comunicar-se com a realidade local, regional ou nacional tem a possibilidade de renovar constantemente a sua própria estrutura, currículos e suas ações, criativamente, conduzindo-os para atender a verdadeira realidade do país (SILVA, 1996).
Texto por Francisco de Paula Araújo e Lilian Cristina. da S. R. Casimiro.


Texo retirado da página oficial da Pró-Reitoria de Extensão da UFMA, disponível em http://www.proex.ufma.br/, acessado em 11/05/2011