sábado, 17 de setembro de 2011

Projeto de Extensão “Diversidade étnico-cultural"

Sábado, 06/08/2011
Projeto de Extensão “Diversidade étnico-cultural: realidade e desafios no município de São Bernardo/MA, proposto pelas Professoras de História e Sociologia”
Bibliografia discutida:
SEMPRINI, Andrea. Etnia, individualismo, espaço público. In: Multiculturalismo. Ed. EDUSC, 1999.
____________________________.Espaço Publico e Espaço Multicultural. Ed. EDUSC, 1999.

A questão tratada pelo Semprini(1999) no capítulo “Etnia, individualismo e espaço público” é a relação entre individualismo e multiculturalismo. Como esta relação colaborou para a transformação do espaço social.
Nas sociedades contemporâneas, ocidentais e capitalistas o Individualismo é pré-condição de uma sociedade democrática e justa. No entanto, com a crise do paradigma politico e de sua incapacidade de sugerir um modelo adequado para o arranjo do espaço social. Este torna-se espaço sociocultural.(p.116). Ocorre, então, uma inversão: afiliação e o sentimento de pertença, que antes eram percebidos como algo ultrapassado que impedia o desenvolvimento pleno do individuo, passam a ser condições possibilitadoras de realização deste (p.103).
Dessa forma, outra questão se coloca neste novo espaço sociocultural: como tais dimensões-individualismo e da subjetividade- podem resultar numa direção moralmente satisfatória e socialmente justa? As experiências da diferença podem ser difíceis e desestruturadoras em suas manifestações históricas e sociológicas concretas. Quando acontece a interação, um indivíduo pode sentir que sua auto-imagem retransmitida pelo outro é uma imagem desvalorizante, discriminatória ou te agressiva.(p.104-105) Já que todo individuo faz, de um modo mais ou menos explicito, um “julgamento” sobre a identidade do outro e é objeto, por sua vez, de um julgamento análogo.(104).
Mudança estruturais ocorrem nesse novo espaço: oposição alto e baixo no espaço sociocultural é substituída por centro-periferia. Centro posição dominante, poder de ditar as regras de funcionamento do sistema. Periferia: encontram-se os grupos que estão na margem. Em vez de ascensão fala-se em deslocamento para zonas menos periféricas, de aproximação do centro. O acesso a este espaço dá-se por meio da inclusão, através da lógica de integração ao assumir progressivamente os valores e comportamentos característicos do centro do sistema. No capitulo seguinte discutimos os 4 principais modelos de multiculturalismo: Modelo Politico Liberal Clássico, Modelo Liberal Multicultural, Modelo multicultural maximalista, Modelo do multiculturalismo combinado. Semprini considera o modelo Liberal Multicultural, proposto pelo autor Kymlicka tendo a melhor concepção de um espaço multicultural onde os diferentes grupos poderiam ver atendidas suas reivindicações de reconhecimento e identidade, preservando ao mesmo tempo a possibilidade de existência de uma dimensão coletiva- ultrapassando os horizontes da etnia e de instituições igualitárias e democráticas.(144).
Ao final da tarde assistimos a um documentário do Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro, sobre “A Invenção do Brasil”. O vídeo como mais um recurso para pensarmos o processo de construção e de invenção da sociedade brasileira. Esta por si é uma sociedade multicultural desde a formação.

A Sociologia da Educação


  • O debate neste sábado, 03/08/2011, ocorreu sobre a Nova Sociologia da Educação cujo centro da análise é o currículo escolar e o processo de produção do conhecimento escolar. Os questionamentos propostos pelo autor Tomaz Tadeu da Silva são sobre a estratificação do conhecimento escolar e a necessidade de desnaturalização do currículo. Segundo o autor não temos uma tradição no Brasil de estudos sobre o currículo ocorrendo uma centralidade do conhecimento escolar nos estudos sociológicos. (SILVA, 1990). Em outro artigo sobre a produção social da identidade e da diferença, Silva propõe um debate sobre uma pedagogia e um currículo centrados não na diversidade mas na diferença concebida como processo e não de forma essencialista. Utiliza-se para isso de autores do pós-estruturalismo como Jacques Derrida que problematizam a própria língua. Partindo do pressuposto que esta não é isenta de relações de poder. De acordo com Silva(2000, p.97) “Como tudo isso se traduziria em termos de currículo e pedagogia? O outro cultural é sempre um problema, pois coloca permanentemente em xeque nossa própria identidade. A questão da identidade, da diferença e do outro é um problema social ao mesmo tempo que é um problema pedagógico e curricular. É um problema social porque, em um mundo heterogêneo, o encontro com o outro, com o estranho, com o diferente, é inevitável”. Ana Caroline Amorim Oliveira

A Sociologia da Educação entre o funcionalismo e o pós-modernismo: os temas e os problemas de uma tradição-Tomaz Tadeu da Silva

  • A produção social da identidade e da diferença- Tomaz Tadeu da Silva
  • Questionamento do autor: Como se configuraria uma pedagogia e um currículo que estivessem centrados não na diversidade, mas na diferença, concebida como processo, uma pedagogia e um currículo que não se limitassem a celebrar a identidade e a diferença, mas que buscassem problematizá-las? É para questões como essas que se volta o presente ensaio.

  • Pedagogia como diferença

  • O problema central, aqui, é que esta abordagem simplesmente deixa de questionar as relações de poder e os processos de diferenciação que, antes que tudo, produzem a identidade e a diferença. Em geral, o resultado é a produção de novas dicotomias, como a do dominante tolerante e do dominado tolerado ou a da identidade hegemônica mas benevolente e da identidade subalterna mas "respeitada".
  • Nessa abordagem, a pedagogia e o currículo tratariam a identidade e a diferença como questões de política. Em seu centro, estaria uma discussão da identidade e da diferença como produção. A pergunta crucial a guiar o planejamento de um currículo e de uma pedagogia da diferença seria: como a identidade e a diferença são produzidas? Quais são os mecanismos e as instituições que estão ativamente envolvidos na criação da identidade e de sua fixação?
  • Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença.
  • Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade, mas questioná-las. A multiplicidade estende e multiplica, prolifera, dissemina. A diversidade é um dado - da natureza ou da cultura. A multiplicidade é um movimento. A diversidade reafirma o idêntico. A multiplicidade estimula a diferença que se recusa a se fundir com o idêntico.